Exatamente no dia 24 de Abril de 2010 minha vida virou de ponta a cabeça. Tudo começou por causa de uma febre e umas dores de garganta, que foi se agravando a cada dia, tentamos ir ao hospital onde tudo que eu ouvia era: “dê antibiótico porque é garganta inflamada” e minha mãe sempre disse que febre é sinal de infecção. Não suportava nem falar mais porque estava cheia de aftas, aí tomei uma vacina, que era tipo uma bezetacil mais moderna. E nada de melhorar, quando na tarde de domingo acordei às 3 horas e coloquei a mão no pescoço e senti um caroço que estava praticamente pra fora do corpo. Fiquei desesperada e chamei minha mãe, que me acalmou e ligou para minha pediatra que estava em Salvador, Dra Regina, que mandou minha mãe não perder tempo e me levar no hepatologista, em Itabuna: Dr. Mangabeira.
No outro dia fui pra escola e minha mãe foi logo a minha procura me levando ao destino de uma grande descoberta, fiz vários exames de sangue pela manhã, hemograma completo, quando às 5 da tarde minha mãe estava no mercado com o meu pai, e Dr. Mangabeira avisa que não poderia enrolar que tinha que ser tudo muito rápido porque era grave, ele a informa que eu estava com Leucemia,que deveria ir em Itabuna no outro dia fazer um mielograma. Minha mãe saiu correndo e foi pra casa sem me falar nada. No dia seguinte vou ao médico e fico sabendo de tudo, me colocam em uma sala pra fazer o mielograma (O mielograma é um dos exames para avaliação da medula óssea. Como a medula óssea está localizada anatomicamente no interior dos ossos, o mielograma é realizado através de uma punção óssea, seguida de aspiração) O mielograma tem a finalidade de estudar qualitativa e quantitativamente as células germinativas sanguíneas (células hematopoiéticas). Tal estudo mostra, direta ou indiretamente, como se comporta a geração das hemácias, plaquetas e leucócitos, podendo ser exame diagnóstico em determinados tipos de neoplasias (leucemias), displasias ou aplasias sanguíneas. Eu na mesma hora disse que nao iria fazer,mais era preciso pra saber o tipo da minha leucemia. Fui no mesmo dia pra Salvador,com minha mae, minha dinda e meu avô ,que por conhecidência a amiga de minha mae infancia Jozina que fez a punção da medula,assim eu descobri que estava com a mileoide aguda.
Meu caso era de transplante e em Salvador não tinha suporte e por um acaso, destino talvez, uma medica de São Paulo Dra.Rita estava visitando o hospital da bahia, que quando abriu a porta da sala de Jozina ( que estava com minha mãe, tia Dida, minha irmã Marcela, desesperadas sem saber como iriamos vim pra São Paulo sem conhecer ninguem,pois é aqui onde ocorre todas as novidades,as melhores tecnologias ) mandou minha mãe ficar calma e saiu da sala. Resolveu tudo e mandou eu pegar o avião porque minhas plaquetas estavam muito baixas e eu não poderia perder mais nenhum minuto.
No outro dia fui internada em São Paulo aonde a Dra.Dilza estava a minha espera (por ventura a Dra. Rita ainda estava em salvador).Internei e esperei a minha baixinha (Dra.Rita) , que comunicou a equipe de Dr Pedro, pra passar o cateter( portocath ), que é a melhor opção para as pessoas que fazem quimioterapia, para não queimar as veias, mas a troca da agulha é de 7 em 7 dias. Foi aí que conheci o Dr.Paulo e a Dra Roberta, pessoas maravilhosas que me acompanham no meu dia a dia,minha alegria diaria.
Começei a fazer a minha primeira quimioterapia (O termo quimioterapia refere-se ao tratamento de doenças por substâncias químicas que afetam o funcionamento celular. Popularmente, o termo refere-se à quimioterapia antineoplásica, um dos tratamentos do câncer onde são utilizadas drogas antineoplásicas.),acompanhada por minha mãe e meu pai. Não sentia nada recebendo a quimio, mais após a quimio é uma grande luta, o sangue caí, as plaquetas despencam. No meu primeiro ciclo da quimio fiquei muito debilitada e parei na Uti duas vezes, que por sinal foi meu maior desespero. Primeiro porque é um local onde você fica presa a uma cama, não fica com nenhum membro familiar, apenas médicos e enfermeiros. Desesperador. Fiquei 3 a 4 dias. A segunda porque como fiquei sem imunidade peguei um fungos no nariz que foi descoberto através de uma febre continua, que quando trisquei no nariz após momento de consulta minha médica descobriu na mesma hora chamou a equipe dos otorinos, meus maiores desafiantes porque tinha pavor que triscassem no meu nariz. No dia seguinte fiquei 12 horas em gegun e fui pra sala de cirurgia porque teria que retirar o fungos e tinha sinuzite, desvio de cepto. Fiquei apenas 2 dias na Uti , só que dessa fez pedi tanto ao chefe da Uti que minha mãe ficasse comigo que tudo ocorreu como planejado. Pode atá parecer engraçado depois de feito, mas antes da cirurgia Dr. Tobias,me relatou que iria ficar sem respirar por algumas semana, e eu discultir com ele no meio da mesa de cirugia, não tinha noção como iria respirar apenas pela boca, quando a anestesista me furou e me dopou, acordei sem respirar pelo nariz, pirada com Dr.Tobias, ai foram longas brigas porque ele tinha que olhar todos os dias. Mas como tudo no final se resolve hoje fizemos as pazes. Mesmo assim ele não deixa de vir ao meu quarto retirar uma casca protetora, porque fiquei com um buraco causado pelo fungos.
Fui para o quarto que passei 62 dias tomando um medicamento chamado Abiosete ou Ambizome, contra fungos, muito forte com ele tive várias reações horríveis de bacteremia (febre de 40 graus, me batia na cama,ficava toda roxa de tanta falta de ar). Após meu estado clinico estabilizado,começei outro ciclo de quimioterapia.
Nessa trajetoria conheci duas pessoas fundamentais ao meu crescimento,Nadia e Moacir (e toda sua familia,claro..rs ). Nadia foi colega de escola de meu pai, que veio ao hospital disposta a ajudar no que fosse necessário. E Moaci é meu pai de Sampa, uma pessoa que luta a 14 anos com intervalos de alta (ele é transplantado de rim e figado,foi quem me deu uma lição de vida pela coisas contínuas que eu adquiria nas minhas experiencias).
Segundo ciclo da quimioterapia.
Meu pai teve que ir embora por causa do trabalho e minha avó veio ficar comigo junto com a minha mãe que estava presente o tempo todo. Foi mais fácil, quem passa pelo primeiro passa por todos, aí comecei a querer saber o que era a leucemia: Porque ela surgia, qual era a cura, qual a maneira mais fácil para lhe dar com ela. Como precisava de uma psicóloga, conheci a Michele que me ensinou algumas lições do meu dia a dia, como iria encarar. Depois fiz a minha quimio, correu tudo ótimo depois vem as quedas de sangue e plaquetas, fico debilitada, mas logo saí dessa e tive a minha primeira alta. Jogo do Brasil,churrasco na casa de tia Nadia.Foi maravilhoso, conheci o parque Ibirapuera, alguns shoppings.
Voltei ao hospital, comecei a minha terceira quimioterapia. Ai já era rotina, minha vida já era uma rotina, quimio, plaquetas, sangues, bactérias. Pacote completo.
Recebi mais uma alta de uma semana.
Fiz o quarto ciclo que foi um pouco mais complicado, porque peguei bactéria e fiquei muito debilitada. E ansiosa, porque antes de internar pedi a minha médica pra ir pra ilhéus (cidade aonde morava antes de vir para cá), e ela me trouxe essa resposta maravilhosa: eu poderia ir. Recebi a minha alta de uma semana. Fui pra o apartamento, arrumamos as malas e fomos rumo a Ilhéus (eu, minha mãe e minha avó), foi o momento mais especial da minha vida porque vi meus amigos, minha família, o quanto eu sou amada. Voltei renovada, com todo gás, hoje estou no hospital dia 5 de outubro após uma semana de quimio, esperando o sangue a as plaquetas caírem pra eu receber mais uns dias de alta...